quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Gratificante Rabisco Amparado Sem Interrupções


Eu gosto de confusão. Sempre gostei. Mas tem tipos de confusões que são “gostáveis”, outras, podem ser “repelíveis”, e o melhor, sem culpa alguma.

Quando vim pra Caxias do Sul, tudo aqui me encantava, tudo, inclusive o trânsito. Daí que houve quem me dissesse que bastaria que eu conhecesse a Júlio, ou Sinimbu na hora do Rush que minha opinião mudaria. Que aquilo era uma bagunça.

Bem, quando eu conheci a hora do Rush nessas duas ruas, eu ri muito, e passei a gostar ainda mais de Caxias. A tal confusão era só uma tranqueirinha, sem expressão, logo eu estava no monumento do Imigrante, e nem tinha tocado todo o disco que eu ouvia.

Ocorre que, eu tinha uma confusão de mesma ordem como exemplo, pra comparar, e essa sim, um caos. Explico: eu vim de Porto Alegre. Já tentei entrar em Porto Alegre na hora do Rush, e pior ainda, já tentei sair. Aquilo sim é uma confusão sem explicação. Mas enfim, logo eu devo dirigir em São Paulo capital, e minha opinião deve mudar. Tenho ido pra lá, mas sempre ando de taxi, e em horários menos concorridos.

Outro dia eu estava pensando nas confusões que eu faço.
Certa feita faríamos uma janta surpresa pro meu papai. O Sr. Brandão.
Meu irmão me ligou e combinou tudo comigo. Como sou um “vendedor”, ele acredita que eu teria mais recursos pra enganar meu pai. Combinamos que eu pegaria meu pai em casa, colocaria ele no meu carro, com o argumento de que iríamos em um açougue para que ele escolhesse as carnes. Nisso, eu teria que enrolar, meu amado pai, até que desse tempo de todos irem para a churrascaria onde faríamos a surpresa. Depois eu levaria papai pra lá e ele ficaria muito feliz em ver os filhos, irmãos, noras, amigos, sobrinhos, netos... todos lá, esperando o Sr. Brandão.

Eu aceitei o desafio e fui realizar.
Peguei papai as 19h. Levei papai no mercado mais longe que podíamos em Porto Alegre. Ele achou bem estrannho e me questionou, porque haviam outras casas muito melhores pra comprar carne bem mais perto de casa. Ok !
Daí que chegando lá, disse à ele que precisava abastecer p carro, precisávamos ir num posto... ele questionou o porquê daquilo, pois o tanque estava quase cheio. (Papai questiona demais)
Daí pensei que já tinha dado tempo pra turma chegar na churrascaria.
Ainda assim, por precaução, levei tempo pra ir pra lá.
Menti ao papai que tinha que passar lá, naquela churrascaria, porque tinha encomendado um corte com um amigo meu que trabalhava lá.
Ele não mexeu um músculo, aceitou.
Chegamos.

Ele não queria descer do carro. Tive que insistir. Ele aceitou.
Meu peito arfando de felicidade pelo sucesso da minha empreitada. Eu imaginava os “Viva ! Viva !” pro meu pai. Ele feliz, bonachão. E eu ali, peça fundamental no sucesso da surpresa pro papai.
Chegamos na recepção da churrascaria, olhei porta a dentro, e questionei aos sussurros o recepcionista: “Reserva para Sr. Brandão”. Fiquei esperando.
Ele olhou uma planilha, olhou, e nada.
- Não tenho reserva Senhor

Fiquei sem graça e olhei para papai que estava atento.

Resolvi dar uma espiada para dentro da churrascaria “35”.
Decepção e barriga gelada, muito gelada.
Não tinha quase ninguém lá dentro.

Voltei-me para papai, disfarcei e saquei o telefone e liguei para meu irmão longe do velho.
- Onde vocês estão?
- Opa ! Já chegaram ?
- Sim, to na porta e não vi vocês.
- Imagina, estamos aqui na frente, ao lado do palco.

Fiquei aliviado.
Encaminhei-me até a porta, sob o olhar de papai, olhei lá pra dentro faceiro e sussurrei ao recepcionista: “onde fica o palco?”
- Ali, senhor !
Apontou-me com o indicador pra um dequizinho sem ninguém em cima, nem instrumento... As mesas na frente vazias....

Leguei de novo.

- Puta merda, não vejo vocês.
- Como assim cara. Onde vocês estão?
- To na porta agora.
- Que porta?
- Na porta de entrada.
- Lauro, em que churrascaria tu ta?
- No 35, ora bolas...
- Puta merda, tu é doido? Tu errou a churrascaria !

É gente, assim termina a história da surpresa de aniversário do papai que eu estraguei, porque eu sou muito porra louca, e faço confusões.
Mas convenhamos, papai nunca vai esquecer desse aniversário. Nem minha família.

Então assim, tem confusões que são ótimas.

Tal qual aquela da pessoa que não sabe o que sente. Ou não quer saber. Sabe só que sente. Daqui a pouco, fica complicado de não admitir que sente, então, pura tal qual é, resolve que pode admitir... a pessoa faz isso, enrola-se num emaranhado de coisas pra resolver, mas faz a outra feliz... muito feliz.
Talvez porque por muito tempo seja objeto de desejo e de paixão.

São confusões ruins para uns, boas pra outros... mas é assim, depende de como se olha pras confusões... ou você aceita, compara ou repeli.
Eu, não só aceito essa confusão, como gosto dela.

Claramente, eu tenho um sentimento lindo!
Mas eu confundo tudo...

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