quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Lugar comum

Prepara-se o tempo em Caxias pra chuva...
Gosto dos dias de chuva...

É um pecado - apenas - que a cena não esteja inteira.
Mas ok.
Dias de chuva me levam a lembrar que quando eu tinha entre 10 e 13 anos, eu ainda morava no casarão da Av. Rócio, 345, lá no Partenon.
Estudado na Escola Estadual de 1º Grau Jerônimo de Albuquerque...

Leitor de gibis Marvel, jogador de futebol, brigador maloqueiro, bom desenhista, ouvidor de aerosmith / Ozzy / Guns n´roses, filho do Brandão e neto da Iracema...

Naquela época eu sentia uma vergonha da minha avó (A Dna Iracema), porque ela me tratava como se eu fosse um bebê... ela me vestia, comprava minha roupa, me mandava tomar banho, preparava o Nescauzinho da noite, falava de mim para os outros como se eu fosse a melhor criança do mundo... um orgulho tremendo, "o guri nunca ficou em recuparação", "o guri é um computador, faz conta de cabeça", "o guri é artista, desenha que é uma loucura"... tadinha, me amava.

Poucas vezes esboçou me bater, mas era uma surra divertida, dava uns tapas, que nem barulho faziam... era ridículo aquilo... depois, eu me jogava num canto e ficava fazendo o papel de vítima, em pouquissimo tempo ela vinha chegando, ficava em volta, sentava, dava um carinho e se justificava porque tinha me batido... mesmo quando eu tinha feito uma merda grande...

Uma vez, peguei uma zarabatana, coloquei o dardo, uma seta de uns 10cm, chamei o André Correa, meu amigo, quando ele tava chegando perto de mim, mirei aquela coisa e disparei o dardo na perna do André... 10 cm de aço dentro da perna do guri...choradeira... logo a mãe dele queria me matar... fugi... ela foi fazer queixa pra minha avó... deu-se mal... tomou um xingão... o guri com o aço na perna... eu rindo no quarto...
Foram os reclamantes embora, minha vó me encontrou no quarto rindo... foi me bater...me bateu... quase ri de novo...passou alguns minutos lá tava ela me "carinhando" e justificando porque tinha me dado uns "tapas"... depois disparou: "aquele guri é um metido, merecia mesmo..." (que horror Dna Iracema)...

Era sempre assim... amor demais... razão nehuma, ou melhor, eu sempre tinha a razão...

Vi ela morrendo... não pude fazer nada... só correr, chamar ajuda... esperar ela voltar pra casa... mas não voltou...
Mas onde quer que esteja, ainda é amor demais... eu sinto...

Me ensinaram a amar e ninguém me disse como faz pra ser diferente... ninguém me ensina o antídoto... e eu que me fodo nessas ... hehehe

Mas sabe como é... eu gosto... do estrago....

Hoje tem Grêmio... que eu aprendi a amar ainda criança...

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