terça-feira, 12 de julho de 2011

Todo fim da linha é um ótimo recomeço!

Eu olho pra minha vida daqui de onde eu estou e fico pensando no quanto eu tenho que agradecer por essa vida.
Verdade. Tudo o que tenho eu fiz de tudo pra não merecer.
Lá atrás, quando eu nasci e não tinha muita estrutura pra ser feliz nesse negócio. O Sr. Brandão e Dna. Vera separaram-se antes de eu nascer.  Então fui jogado nos braços da Iracema. Aquela velha gorda e linda que me amou de um jeito que eu fiquei com seqüelas de amar desenfreadamente. E aí, constam meus primeiros triunfos. Saí da dúvida pra residir na sorte do amor dela. Passou um tempo eu me dava conta de que não tinha muito como eu ser diferente da minha família, eu seria a extensão dos meus tios e cuidaria da banca de frutas do Sr. Derli (porco estúpido).
Aí vieram os tempo ruins, o cidadão aí, jogava. Era um jogador compulsivo, passava noites fora de casa deleitando-se na atividade de perder dinheiro da família e na putaria. É no ódio desse indivíduo que se origina meu amor pela família, o apreço pela monogamia, o pavor de jogos por dinheiro e a indignação com a derrota. Eu não sei perder. Foi no convívio com esse puto, que eu aprendi que mulher a gente tem que amar, incondicionalmente. Quem bate em mulher, sob qualquer circunstância é um puto de merda sem valor.
Bem, nesses tempos ruins o cara perdeu duas bancas que tinha no centro, eram três. Depois em 1989, em 13 de outubro, começamos a mudança para a nova casa. Saíamos de um casarão gigante na Rócio 345 para morar num casebre de madeira na Rócio 294. O Collor ferrou o dinheiro de todo mundo e trancou a poupança. O Derli, ficou com todo dinheiro da venda da outra casa retido no banco. E com a receita reduzida em 66%.
Eu cresci vendo esse idiota chegando dias depois em casa, pela manhã, bêbado e queria bater na minha Iracema. Ela amava ele, sofria quando ele tava fora. Passava o dia ouvindo os discos do Nelson Gonçalves e choramingando em volta do tanque de roupas ou da pia com louça. Ela gostava dele. Mas nesse ano eu tinha 13 anos. Um homenzinho. Numa dessas manhãs ele chegou e queria bater nela. Foi a última tentativa. Sabe-se lá de onde veio aquela força, mas eu arremessei ele e com o dedo em riste, deixei bem claro  que ele não bateria mais nela. Ainda bem que ele entendeu.
Nesse tempo ruim que a vida ficou, a Iracema me comprava livros, enciclopédias, mitologia universal, heróis da história. Conheci nesse ano Guns n´Roses, White Snake, Ozzy Osbourne... logo depois, Pearl Jam, Iron, Metalica... MTV...
Daí eu pensava: “tá tudo ficando feio e essa pessoa fica tornando minha vida mais bonita, como se ela não quisesse que eu visse como é na real.” Ela fazia as vezes do Belini no filme A vida é bela... do campo de concentração.
Mas daí eu fiz tudo pra desencantar... achei um caso, com 14 anos, e desse caso tive uma filha... eu via no rosto da Iracema que eu a tinha entristecido. Tive que procurar trabalho, comecei a trabalhar como boy na Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social... logo depois na confiança. Me envolvi num mundo de tentar melhor meu prognóstico, deixar de ser um vendedor de frutas... podia tentar alguma coisa diferente. Em 1989, eu fui o orador da minha turma de formandos do Jerônimo de Albuquerque (era um Educador Jesuíta). Em 1994, me arrancaram tudo. Iracema morreu. E lá fui eu de novo dar as costas para toda a sorte que eu tive na vida até ali. Eu me joguei no inferno e fiz tudo errado. Neguei todo o amor que eu recebi. Fiz tudo pra que o mundo entendesse que eu não merecia o que tinha.
E mesmo depois de ter negado a minha sorte, ou (como eu prefiro ler) o amor de Deus por mim, depois de ter passado por alguns vales áridos, de solidão e mau trato pessoal, esse meu Deus, à quem eu agradeço tão pouco, resolve que vai me dar a vida bonita de novo. Deu-me cores pra minha tela onde eu pintava só com grafite. Permitiu-me usar uma paleta de cores onde eu só fazia imagens monocromáticas.
Eu, ainda, nos meus momentos de intimidade plena, eu comigo, eu procuro por Deus pra dizer: obrigado!
Sabe-se lá o que é e de onde veio, mas eu entendo como mais uma linda chance de ser feliz, assim, fácil, inexplicável e sem pressa.
Obrigado!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ciclos e ciclos!
Ciclos e ciclos, círculos e círculos... e nesses tempos de falta de tempo, na minha vida o que acontece é um movimento de 1 ano para cada minuto.  A intensidade das coisas elimina definitivamente a referência tempo. É a forma como as coisas acontecem.
Há muito tenho necessidade de voltar a escrever aqui e quando me sobra algum tempo, algum pensamento ou tarefa vencida me assaltam, e lá se vai a oportunidade de escrever mais. Mas hoje, abro mão de qualquer coisa, porque preciso escrever. Às vezes é isso mesmo, necessidade.
Eu não sei de onde as coisas vieram, e nem quero  questionar. O momento é lindo, melhor impossível. Desde o último anjo a minha vida tomou rumos muito diferentes e todos autênticos e não os quero questionar. Como se muita coisa eu tivesse deixado em stand by por algum tempo, pra resolver depois, e esse anjo novo me trouxesse as resoluções de tudo.
Pouco mais de três meses depois, eu olho pra Carina e tenho a impressão de que ela já tá na minha vida há anos. O que ela sabe de mim, quem sabe meus irmãos não saibam. Minhas tristezas, algumas frustrações, alguns sucessos, algumas glórias... tudo a Carina conhece. Não bastasse isso, o que eu ainda não conhecia ela me apresenta, e de forma que não me constrange. Eu me encanto.
Esse encantamento que começou há uns 100 dias e é um gráfico com eixos X e Y infinitos... Crescente... são só coisas boas. Quando eu me dei conta de que havia me desarmado plenamente pra Carina ela me perguntou: “topa morar comigo?”
Dias depois estávamos escolhendo piso... depois geladeira (pensando nas cervejas)... depois no fogão... depois, em quem poria o piso... os móveis planejados... e as mudanças não vêm até aqui... eu me senti parte da vida da Carina, ela da minha, optei por sugerir-lhe alguma coisa maior... fiz suspense, armei com familiares e amigos... e no último show da Under pus-lhe anel de ouro no anelar da mão direita... minha surpresa: “eu já sabia que tu ias fazer isso !” Ninguém contou, suspeitou que era o que eu pretendia e aceita isso.
Finalmente alguém que tem a minha intensidade, o meu volume, a minha loucura, a minha falta de noção... a minha disponibilidade, a vontade pela verdade e pelas coisas agora... e me quer... tanto quanto eu a quero... Finalmente alguém que me faz questionar: “o que eu quero pra amanhã? Qual é o meu lugar?”
E nesse questionamento, nessa dúvida toda gerada, com prazo de definição expirado, eu resolvo mudar mais coisas... mudar meu lugar, sair de novo da zona de conforto e ir em busca dos vôos maiores... eu não tenho medo... nunca tive... mas a motivação pra arriscar, as vezes vem de fora, e não tem razão...
Eu pensei que estava preparando a rampa... e quando eu me dei por conta, cá estamos nós dois no ar... a Carina pilotando... e eu atrás achando a maior graça, me segurando nos ombros dela. E com isso, enchemos nós todos os outros de felicidade pura. Quem quer rir, que fique por perto.